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sábado, 27 de agosto de 2011

VERSOS ÍNTIMOS


E as palavras de fé que nunca foram ditas?
E as confissões de amor que morrem na garganta?
Bilac

Já leste esta amargura em meus olhos escrita
por lágrimas de dor, de torturas estranhas?
Já sondaste que alguém, rasgando-me as entranhas
da alma, faz-me sofrer com volúpia infinita?

Já sabes que este pranto, em proporções tamanhas
corre, sem mais parar, nesta máscara aflita?
Percebeste que o vácuo, a solidão maldita
faz do meu ser irmão das desertas montanhas?

Que saibas tudo, embora. E mais. Que se eterniza
o amor sem remissão que uma saudade implanta
dentro do próprio ser que a mágoa finaliza.

Só não saibas que a dor vem de ti, e que suplanta
a um soluço de horror que no peito agoniza,
a um brado de paixão suspenso na garganta!

Belém, 1936.

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