DULCINÉA PARAENSE . O que significa encontrar, em revistas antigas da década de 1930, poemas nunca publicados em livro, versos cujas imagens têm a força que se espera do mais puro lirismo? É descobrir uma nova estrela... É ver o desabrochar de uma flor desconhecida. Dulcinéa Paraense é muito mais do que um sonho. Ela existe e voltará à sua Belém, porque é a homenageada na XV Feira Pan-Amazônica do Livro.
segunda-feira, 22 de agosto de 2011
O DESTINO DO SILÊNCIO
Eu não queria ser como o gesto que passa
O pensamento criador que não se alcança
A frase que se não materializa
Não quero ser como o futuro
Que um dia passará.
Eu preferia ser aquilo que ainda ninguém pensou
Eu preferia ser a matéria mais bruta,
A que me parecesse a mais irracional.
– Uma pedra perdida em meio de uma estrada deserta
onde todos os viandantes encontrassem o descanso da jornada,
onde todos descarregassem o peso morto dos caminhos.
Onde todas as cabeças dos predestinados
para os longos percursos, repousassem
a canseira dos grandes, dos pesados pensamentos.
Para no fim da vida eu ser a única memória suave do caminho,
aquela que ficou vivendo, cheia de todos os cansaços, na estrada percorrida,
a que pôde guardar o segredo das fraquezas do homem
com o silêncio de todas as fraquezas cumuladas.
A que teve o destino
de ser, na lembrança de todos os viageiros,
– a pedra no caminho...
Belém, Terra Imatura, ano 2, n. 8, abr. 1939
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