Haverá um dia solitário no calendário do mundo.
Uma grande escuridão envolverá a última noite
e a última alvorada será destruída por um incêndio de
raios.
E nada ficará senão o meio-dia solitário.
Serás como o primeiro homem
que se levantou do pó pelo sopro suave da brisa
e tomou o leite das árvores para poder subsistir.
Serás como o primeiro homem, isolado e impercebido.
E então, como a primeira mulher que foi extraída de
dentro do teu ser
Serei concebida pela tua força imaginária.
A tua memória se inflamará, se ampliará,
tomará a forma côncava de um bojo
para poder preencher as enormes curvas do infinito
e buscar no longínquo a lembrança esquecida.
E tua memória, fêmea, me conceberá.
Eu surgirei, porém, com a imaterialidade de tudo o que
não morre
e pararei no teu passado, na tua saudade, no teu
ausente,
em meio do teu dia solitário.
Aí eu ficarei.
Para ser o passado que é mais teu do que a vida que
ainda viverás.
A saudade que ressuscita e que não morrerá porque já
não tem vida,
o ausente que se aproxima e que não poder ser expulso
porque está na distância.
Assim tu me terás.
No teu último instante eu voltarei.
Ai, piove sul tutto.
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