DULCINÉA PARAENSE . O que significa encontrar, em revistas antigas da década de 1930, poemas nunca publicados em livro, versos cujas imagens têm a força que se espera do mais puro lirismo? É descobrir uma nova estrela... É ver o desabrochar de uma flor desconhecida. Dulcinéa Paraense é muito mais do que um sonho. Ela existe e voltará à sua Belém, porque é a homenageada na XV Feira Pan-Amazônica do Livro.
segunda-feira, 22 de agosto de 2011
CÂNTICO DOS CÂNTICOS
O meu amado é triste como um lírio.
Sou o jardim fechado onde ele vai se desfolhar.
O meu amado é esguio como um longo suspiro.
É meu o peito onde ele vai se agasalhar.
O meu amado é pálido como um astro de sombra.
Sou o lago noturno onde ele vai brilhar.
O meu amado é leviano como a abelha.
Dos meus lábios é o mel que ele vive a sugar.
Eu sou vária porque é vário o seu amor.
Cada vez eu lhe surjo renovada
para nunca o cansar.
Eu sou como a serpente que tem mil cabeças:
o amor do meu amor é que vivo a enganar.
O meu amado é leve como a brisa:
toca em todas as flores sem nunca as macular.
O meu corpo é um canteiro colorido:
vivo a dar flores para o perfumar.
O meu amado é incorpóreo como a luz dos meus olhos
se esconde dentro em mim para eu sempre o buscar.
O meu amado é intangível como uma promessa
nunca ele fica em mim para eu sempre o esperar.
O meu amado é longínquo como uma distância:
passa por meu amor e eu não o posso alcançar.
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