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sábado, 27 de agosto de 2011

INQUIETUDE


Eu existi como a mulher que tinha a carne como um grito.
Como a mulher que, sem saber, foi alguém para
inúmeros destinos.

Pelas noites brancas eu me erguia
e ia beijar todas as sombras.

Os meus lábios se abriam
para beber a cacimba que escorria do céu
e eu sentia o borbulhar de espumas nos ouvidos: era o mar.

Todos os ventos frios me envolviam
e eu tinha a alegria das folhas balançando…

Senti teus pés machucando as distâncias.
Senti tua voz ecoando nas distâncias.
Senti teu gesto apalpando as distâncias.

E por isso vivi como a mulher que tinha a carne como um grito!

Belém, 1941.

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